quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Mãos


Fiquei feliz. Estava no meio do Gonzaga, agarrada na minha bolsa com receio de ser assaltada, quando cruzei com um dois caras. Eu já havia os vista uns metros antes e reparei que estavam de mãos dadas - eram um casal.

Acho andar de mãos dadas tão gostoso. Pra mim é o termômetro do envolvimento. Se você está saindo com alguém e ela começa a segurar sua mão em público, é sinal que as coisas estão indo bem e que ela não se importa em mostrar pra todo mundo que está com você. É afeto, carinho, dengo, afeição.

Até pouco tempo atrás eu andava de mãos dadas com a minha irmã mais velha na rua e até hoje ando de braços dados com meu pai. É um laço que se faz com a pessoa que caminha a seu lado. É o gostar na sua melhor essência.

A rua não estava tão movimentada assim, mas eu fiquei contente em ver que não havia olhares tortos de reprovação. Acho que todo mundo agiu como eu agi, olhou como se estivesse olhando a estampa da blusa da moça, o preço do vestido, o óculos da senhora ruiva.

As coisas mudam - ainda bem. Se não fosse assim, as mulheres não votariam, ainda teríamos escravos e usaríamos saias abaixo do joelho. Amor é amor, carinho é carinho... é tudo coisa boa, por que não mostrar? Eles não estavam se pegando, dando um amasso no meio do Gonzaga - o que também seria feio para um casal hétero. Estavam de mãos dadas e eu até senti uma pontinha de inveja do chamego que eles estavam.

Se o mundo vai acabar no dia 21? Acho que não, mas acredito que pode ser o começo de um novo.

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